Reconto 5, especialmente para as F4.
Por Alice Amana, Duda, Laura e Maria Helena
Há muito tempo, em uma aldeia, existia um menino de família humilde.
Na realidade, vivia poucas aventuras, as que sua condição lhe permitia, porém, em um dia ensolarado algo diferente o chamou a atenção, um pequeno besouro, que o levou para um lugar no qual não conhecia.
E nesse lugar descobriu árvores, riachos, flores e borboletas - o que para nós parece normal, mas para a realidade do menino não havia nada igual. No alto de uma montanha estava uma bela flor, mas já quase sem vida, que deixou o menino completamente abismado. Com sua força e coragem, ele resolveu correr para buscar água. E foi, voltou, foi de novo e voltou, gota por gota e assim ele carregou a água em sua mão, e a flor de pouco a pouco foi revivendo. A essa altura, seus pais, já preocupados, resolveram ir ao encontro de seu amado filho.
Quando seus pais o encontraram, o menino estava coberto por uma enorme pétala da flor, já tão forte e bela, flor amarela.
Reconto 6, especialmente para as F3.
Por Carolina e Luiz
Em uma cidade pequena havia um menino chamado Lucas, que tinha 10 anos. Sua vida sempre foi cercada de grandes aventuras e sua família era muito ligada à natureza.
Um belo dia Lucas decidiu ir à busca de suas aventuras diárias junto com seu cachorro Spoke. Eles decidiram seguir uma trilha dentro de uma floresta bem perto de suas casas. Quando Lucas botou seu pé na trilha, Spoke começou a correr, só que ele corria muito rápido diferente de Lucas, que era muito calmo e bem lerdo. O menino começou a correr gritando:
- Spoke! Spoke! Cadê você?
Só que nada do cachorro aparecer, tudo que ele via era apenas verde e árvores, árvores e verde. Depois desse desespero, o menino teve a brilhante ideia de pegar um pacote de biscoitos, próprio para cachorros que levou por precaução, no caso de Spoke ficar com fome. Lucas começou a espalhar pedaços do biscoito no chão, para ver se o cachorro aparecia. Porém nem assim, nenhum sinal do animal.
Quando já estava escurecendo e Lucas já não aguentava mais andar, Spoke apareceu com um girassol em sua boca. O menino começou a agarrá-lo com abraços e ficou dando beijos em sua cabeça, e nem percebeu que a flor que o cachorro tinha recolhido estava seca e mal cuidada. Então Lucas decidiu que iria levá-la para casa e cuidá-la, assim como cuidou de seu Spoke.
A partir daquele dia o menino e o cachorro não se desgrudaram mais e aquele girassol foi a lembrança guardada de um dia cheio de aventuras que nunca será esquecido.
Reconto 7, especialmente, para as F4
Por Bia e Marina
Ao contrário de vocês, minha infância não foi tão divertida. Até que no início fui bem cuidada e amada, depois cresci, fui maltratada, e abandonada. Maltratada pelo calor.
Abandonada pela natureza. Fiquei lá sozinha, durante meses, vendo o vai e vem da noite, contando as horas para o sol se pôr.
Já sem esperanças, conheci Joaquim, altura razoável, com boa aparência, loiro, de olhos cor de mel. Sabe amor a primeira vista? Ai, ai... E se eu te contasse que ainda nem sabia o que, em futuro bem próximo, ele havia de fazer para mim?
O menino se aproxima e me analisa cuidadosamente, do pé a cabeça, cheguei a ficar vermelhinha. Primeiro minha raiz, toda verdinha, já precisando depilar, logo depois meu caule já corcunda, e em seguida minhas pétalas, cor de dia, já toda desbotada. E foi em um instante que vi meu amor correr, e ir sumindo aos poucos dentre as árvores. A essa altura, já não tinha água para chorar, sombra para me proteger ou abraço para me confortar. Estava lá. Lá aonde?
Em um lugar quente, vazio. Foi quando veio Joaquim, com suas mãos em forma de concha e seu cabelo dourado de sol. Não sabia o que havia em sua mão. Até que, em segundos, ele se
ajoelhou ao meu lado, abrindo-as rapidamente, realizando um dos meus desejos... Agora eu tenho água pra chorar.
Ele sumiu e reapareceu, ele foi, mas voltou. Ele sumiu, mas reapareceu, ele foi, mas voltou. Ele sumiu e apareceu, ele foi, mas voltou. Uma hora cansou, deitou e por ali ficou. E depois de tantas sumidas e aparições, idas e voltas. Cresci e floresci, do alto podia ver a aldeia.
Resolvi retribuir um pouco o que o menino tanto me deu, conforto e alegria. Inclinei um pouco meu caule, fiz sombra, e lançando sobre o menino uma pétala, fiz seu cobertor.
Após um tempo, vieram dois Joaquins mais altos e os levavam de mim, mas todos os dias meu amor vinha me visitar.
Essa é a minha história, espero que um dia todos consigam achar um Joaquim para casar.
Porque é Preciso Transbordar - Livre Criação, para todas as idades.
Por Antonia e Rosa.
Ela só chorava.
Chorava até demais, de dar pena.
Chorou tanto, até um dia entender como se chora.
Pensava em algo bem triste, uma coisa lá do fundo, os olhos, então secos, começavam a ficar muito molhados, porque a torneira dos olhos começou a pingar. Começava como um gemidinho, choramingo, pra depois virar um berreiro.
Sabia porque as lágrimas eram salgadas: eram água do mar. Guardava um oceano dentro dela, um oceano grande e azul,
gostava de pensar nos peixinhos que lá habitavam. Peixe palhaço, o que ria de tudo; a água-viva transparente e tímida; o peixe espada, o corajoso; e mais uma dezena
deles. Chorava então, transbordava, para ver um pouco de seu oceano. Era sempre assim. Um dia cresceu. E com toda aquela altura, não achava certo chorar, prendia então o choro, "onde já se viu menina grande chorar?" Ela não sabia o porquê, mas sabia
que não podia. Começou a se sentir mal. Sentiu seu corpo balançar, sabia que seu mar, naquele dia, estava cheio de ondas:
" O que está acontecendo comigo?"
Pensou em perguntar para a mãe, mas ela já estava longe. Para o pai, mas ele não saberia.
E isso deu uma tristeza tão grande, que ela não segurou e chorou, chorou, chorou.
A primeira coisa a sair dela foi uma baleia, a baleia das grandes tristezas, de uma tonelada.
Saiu depois, direto, o peixe- espada, aquele de muitas brigas passadas...
"Não sou uma princesa e não mando nem no meu hamster", lá se foi o peixe-rei.
"Sou cheia de todas as cores", saiu a água-viva. A raiva foi embora junto com o tubarão grande e bravo.
No fim, saiu aquele polvo enrolado, que estava embolado em sua barriga.
O peixe-palhaço ficou, porque no meio do choro, aliviada, lembrou que adorava rir.
E então começou a rir, rir até demais, de dar pena.
Chorar e Rir.
Chorar de rir.
A gente precisa transbordar.
Quis continuar a entender, resolveu
pesquisar:
- Mãe, porque a lágrima é salgada?
A mãe, que era uma ótima inventora de
ideias, respondeu:
- Porque temos um mar dentro da barriga e, às vezes, transborda. Você já sentiu a barriga mexendo e fazendo barulho?
- Outro dia mesmo eu senti!
- São os peixinhos nadando.
- Peixes? Nadando?- Falou feliz, antecipando a brincadeira.
- É. Peixes. Nadando.Tem gente grandona e brava que tem um tubarão, os que riem por qualquer bobeira, esses têm
um peixe-palhaço.
- Então, mamãe, tem aquelas pessoas que a gente nem vê, são quase transparentes, têm uma água-viva? Começaram a rir.
- Sabe seu tio Argemiro? Tem muitos camarões. Já reparou como ele fica vermelho quando está com raiva? Tão vermelho, fervendo, sai até fumaça do nariz!
- E o Dudu, que é muito valente, sabe que peixe ele tem? Um peixe-espada, pronto para me defender!- disse orgulhosa
do primo.
- A Dona Marita, nossa vizinha, de tão enrolada a coitada, deve ter um polvo. Às vezes eu acho que também
tenho um polvo.
- Mamãe, quem guarda uma tristeza de uma tonelada no fundo do coração tem uma baleia?
Se olharam nos olhos, sorriram e continuaram:
- Quem tem o peixe-rei na barriga pensa que mora num castelo e manda em todo mundo!
Ela e a mãe amavam essas brincadeiras!
O tempo foi passando.
"Já sou grande. Não posso mais chorar."
Começou a segurar o choro, por coisas pequenas - um machucado, uma farpa no dedão - ou maiores - briga com amigos, discussão de pai e mãe, não ser convidada para a festa da amiga...
Até que um dia, acordou com o coração pequenininho e a respiração curta.
"Por que eu estou assim?"
Pensou que podia perguntar para a mãe. Mas a mãe já estava longe e aquelas ideias inventadas também.
E isso deu uma tristeza tão grande, que ela
não segurou e chorou, chorou, chorou.
A primeira a sair foi a baleia de uma tonelada de tristeza.
Foi um susto! Não conseguia mais parar.
Lembrou de muitas brigas na vida e o peixe-espada pulou fora.
"Não moro num castelo e não mando nem no meu hamster", lá se foi o peixe-rei.
"Sou cheia de todas as cores", saiu a água-viva.
A raiva foi embora junto com os camarões e o tubarão grande e bravo.
No fim, saiu aquele polvo que estava embolado na sua garganta.
O peixe-palhaço ficou, porque no meio do choro, aliviada, lembrou que adorava rir.
Sentiu que respirava melhor.
O coração estava grande de novo.
Chorar. Rir.
Rir até chorar.
Chorar de rir.
A gente precisa transbordar.